Presidentes das principais empresas do segmento participaram de debates sobre tendências e perspectivas para vendas diretas nos próximos anos

São Paulo, 14 de dezembro de 2015 – Em comemoração aos seus 35 anos, a Associação Brasileira de Vendas Diretas (ABEVD) reuniu, na última sexta-feira (11), em São Paulo, os principais executivos e líderes do setor em um evento para mais de 100 convidados.

“Para celebrar todos esses anos de história da associação, nada mais justo do que compartilhar nossa visão de mercado, fatos históricos e perspectivas para as vendas diretas junto com grandes nomes do nosso setor. Estamos vivendo tempos de mudanças e debates como os de hoje são enriquecedores para o crescimento de todos”, salienta Moacir Salzstein, Presidente da ABEVD.

Debate com Presidentes

No começo da manhã, Moacir Salzstein foi mediador do primeiro debate, com Roberto Lima, da Natura, Gioji Okuhara, da Herbalife, e Odmar Almeida, da Amway, sobre o tema “O Futuro das Vendas Diretas”.

Para Roberto Lima, da Natura, o consumidor é quem dita as regras no negócio. “Devemos estar atentos ao nosso consumidor, fica perto dele para melhor atendê-lo. A facilidade no acesso, adequação do portfólio e de preços são algumas atitudes que temos tomado para ajudar o cliente a manter suas conquistas adquiridas nos últimos anos”, explicou Lima.

Durante o debate, o empreendedorismo que algumas empresas de vendas diretas proporcionam a seus consultores foi um dos pontos de destaca. Gioji Okuhara, presidente da Herbalife, salientou que o empreendedor precisa ver o setor como uma oportunidade. “Precisamos identificar formas de oferecer o mercado de vendas diretas como uma oportunidade a esses jovens empreendedores que estão entrando no mercado agora. Além disso, precisamos ter um diferencial dentro dos canais de comunicação”, explicou Okuhara.

“A geração millennial não sabe o que é um mundo sem tecnologia e as empresas de vendas diretas precisam melhorar seus canais para proporcionar uma experiência premium de comunicação, e não só adequada como é hoje”, lembrou Odmar Almeida.

Seguindo a mesma linha de empreendedorismo, Moacir Salzstein falou sobre seu otimismo com o crescimento do setor nos próximos anos. “O empreendedorismo, acredito, é basicamente uma característica do setor de vendas diretas, pois se um consultor quer empreender o investimento dele é muito menor do que se ele resolvesse abrir um comércio físico, por exemplo, e essa particularidade nos faz acreditar que o setor ainda tem muito para crescer. Outro cenário que nos traz otimismo é a entrada de outros segmentos além dos cosméticos na venda direta, como educação, serviços, entre outros”, explicou o presidente da ABEVD.

 

História da ABEVD – seus 35 anos

Em seguida, ex-presidentes e executivos que participaram ativamente da história da associação, ao longo dos seus 35 anos, contam um pouco sobre essa trajetória. Mediados por Rodolfo Guttilla, atual sócio fundador da agência Cause e ex-diretor de Relações Institucionais da Natura; João Maggioli, que foi gerente geral da Avon, Nature’s Sunshine e Nu Skin; Paulo Quaglia, atual sócio do escritório DPLaw Sociedade de Advogados e ex-vice-presidente do Departamento Jurídico da Avon; e Guilherme Leal, sócio fundador da Natura, participam do debate A História da Venda Direta por seus Protagonistas.

João Maggioli lembrou sobre o início do setor no Brasil, ainda no final da década de 70, e também contou aos presentes como era desafiadora a época do governo de José Sarney, com uma inflação de 80% ao mês. “Vocês conseguem imaginar a dificuldade de imprimir um panfleto com preços de produtos em um cenário onde cada dia o preço era um? No início, na Avon, decidimos por não repassar o aumento, mas uma hora não conseguimos mais segurar e precisamos aumentar os preços. Essa decisão nos custou 100 mil consultores a menos em duas semanas. A empresa quase faliu em menos de um mês”.

A criação da ABEVD foi trazida durante a fala de Guilherme Leal, que contou que mesmo antes de efetuar sua primeira venda já havia iniciado as reuniões para criar a associação, “fui associativo antes de ser empreendedor”. Leal falou também da importância da confiança das associadas na hora de abrir seus números. “No começo, não havia confiança das empresas em divulgar seus dados e isso fazia com que eu me questionasse de qual era o papel da ABEVD, pois nem número de reclamações nós tínhamos”, lembrou Leal.

Já Paulo Quaglia citou a questão dos tributos que, segundo ele, sempre foi um tema de questionamentos para a associação. “No começo era muito difícil cumprir a legislação da época, uma vez que os consultores são autônomos até hoje e com isso não eram contribuintes diretos de ICMS. Fomos fazendo acordos com os estados e a partir dos anos 2000 a ABEVD teve uma atuação mais ofensiva, propondo o crescimento do setor e com isso a redução de tributos”, explicou Quaglia.

 

Tendências no setor

A multicanalidade, uma tendência do varejo na ampliação dos canais de vendas, tem se mostrado uma alternativa também para as empresas de vendas diretas, e esse tema também foi um dos destaques do evento. Mediados por Maria Elisa Curcio, diretora de Assuntos Governamentais (Brasil e Países Andinos) da Avon; o diretor de Inovação Comercial da Natura, José de Luca; o diretor de Vendas e Eventos da Herbalife, Jordan Rizetto; o diretor de Vendas da Avon, Emerson Teixeira; e a consultora da Natura, Linda Satie, falaram sobre Perspectivas e Oportunidades para a Venda Direta – Discussões sobre Multicanalidade e Digitalização (e-commerce) no Brasil e suas referências mundiais.

 

Dados do mercado

No final da manhã, as empresas de pesquisa Kantar Worldpanel Brasil e Hello Research e de consultoria FullCommerce apresentaram dados inéditos sobre Tendências no Mercado Consumidor das Vendas Diretas, moderados por Rodrigo Sanches, diretor de Business Suport da Jequiti.

Segundo a Kantar Worldpanel, o mercado de cosméticos, apesar de ter aumento de preços, o crescimento está abaixo da inflação, o que favorece o setor, porém a categoria está perdendo penetração. O desafio apresentado na pesquisa é fazer com que os itens não caiam na cesta de “supérfluos”. Aproximadamente 70% das mulheres declararam que maquiagem seria a primeira categoria abandonada em época de crise.

A empresa Hello Research apresentou pesquisa sobre o comportamento de compra do brasileiro para o Natal. De acordo com o levantamento, o setor de vendas diretas tende a crescer no período. Quase 60% dos entrevistados estão dispostos à comprar no Natal, porém 70% irão gastar o mesmo ou menos que no ano anterior.

A multicanalidade foi tema também da apresentação da FullCommerce, onde mostrou que o consumidor chega a comprar em cinco ou mais canais diferentes para atender as suas necessidades. Segundo a consultoria, cada canal tem seu atrativo e isso faz com que haja essa pluralidade.