“Temos total confiança na integridade de nosso modelo de negócios e na qualidade de nossos produtos”. Isso foi respondido pela empresa de cosméticos e máquinas de cuidados com a pele Nu Skin Argentina INC, depois que o Secretário de Comércio Interno da Nação a imputou ontem por fornecer informações falsas e enganosas para a promoção e venda de seus produtos.

“Desde o primeiro momento, estávamos firmemente comprometidos em operar nossos negócios em conformidade com a legislação argentina e convidamos as autoridades competentes a avaliar nossos procedimentos e regulamentos para esclarecer as alegações”, afirmou a empresa em comunicado oficial. A queixa oficial já é conhecida.

O escândalo associado a essas máquinas faciais começou a crescer por várias semanas por muitos influenciadores, atrizes e modelos argentinos que recomendavam esse produto em suas redes sociais, prometendo não apenas resultados mágicos para a pele, mas também a possibilidade de alcançar a independência econômica, formando a própria equipe de revendedores.

Mas essas recomendações começaram a fazer barulho e nesta segunda-feira o problema explodiu na mídia e nas redes. Os modelos e celebridades que a recomendaram foram chamados de “golpistas” porque, segundo economistas e especialistas, o modelo de negócios da empresa Nu Skin é tendencioso e perigoso.

Pouco tempo depois, o Ministério do Comércio Interno, uma agência do Ministério do Desenvolvimento Produtivo, agiu oficiosamente depois de verificar que a empresa fez anúncios que levaram ao engano e à confusão, ação que incorre na violação da Lei 24.240 sobre proteção ao consumidor.

A Nu Skin garantiu que “monitora ativamente seus distribuidores independentes em relação à conformidade com políticas e procedimentos internos” e que essas políticas e procedimentos internos “incluem, entre outras questões, diretrizes sobre as características e efeitos de nossos produtos e o modelo de compensação de vendas”. “Sempre que detectamos violações das disposições de nossas políticas e procedimentos internos, tomamos as ações corretivas necessárias”, conclui o comunicado.

Segundo o relatório do Ministério do Desenvolvimento Produtivo, a empresa não cumpriu o dever de fornecer informações verdadeiras e objetivas sobre os produtos que comercializa. “O modelo de vendas é apresentado como uma oportunidade de emprego, quando na realidade era um esquema de pirâmide ou multinível, onde não havia renda segura, mas o vendedor/desenvolvedor é obrigado a fazer um investimento inicial. E também é recompensado se forem obtidos vendedores mais dispostos investir”, afirma o comunicado.

Além disso, o documento oficial indica que o modelo de negócios “consiste em comercializar um catálogo de produtos promovidos por ‘influenciadores’ – pessoas com alto grau de exposição nas redes sociais – que vendem diretamente aos clientes e, assim, obtêm uma margem de lucro”.

A Lei de Defesa do Consumidor estabelece sanções que atingem 5 milhões de pesos para os fornecedores que não respeitam os direitos dos consumidores.