Em 2020, o mundo teve de se adaptar a uma nova realidade de isolamento social, necessária para conter a pandemia do novo coronavírus. E, nesse contexto, problemas sociais como a violência contra a mulher se intensificaram: com a quarentena, a convivência das vítimas com os agressores aumentou, criando um cenário que acentua o risco de violência e pode dificultar a notificação dos casos às autoridades.
De acordo com o Fórum Brasileiro de Segurança Pública, o Brasil registrou 648 casos de feminicídio no primeiro semestre de 2020. O número representa um aumento de 1,9% em relação ao mesmo período de 2019. Ainda segundo relatório da instituição, chamadas por violência doméstica para o 190 subiram 3,8% no período (considerando-se 12 estados em que foi possível reunir dados). Já outros casos de violência, como lesão corporal dolosa e ameaças a vítimas do sexo feminino, sofreram queda, acendendo o alerta para a subnotificação, dada a maior dificuldade imposta pelo isolamento.
A OPAS/OMS Brasil também fez alerta sobre o perigo do aumento da violência contra a mulher durante a pandemia. Em documento, a entidade apontou alguns dos fatores que podem levar a esse crescimento, como o menor contato das mulheres com familiares e amigos que poderiam oferecer apoio, o aumento da carga de trabalho relacionada aos cuidados com a família, além da perda do sustento e da capacidade para sobreviver, o que pode colocar as mulheres em maior risco de abuso econômico.
A conscientização, o fortalecimento das redes de apoio e a divulgação dos canais de denúncia são fundamentais para combater o problema. E é por isso que a ABEVD lança a campanha #IsoladasPorémJuntas: para reforçar o apoio a todas as mulheres e lembrar que é função de todos romper o silêncio e denunciar casos de violência (que pode ser não só física, como psicológica, moral, patrimonial e sexual). Sua atitude pode salvar uma vida, principalmente diante dos novos desafios do isolamento.
Nosso compromisso
Com a campanha #IsoladasPorémJuntas, a ABEVD se compromete a mostrar o retrato da violência contra a mulher no Brasil, além de divulgar canais de denúncias e apoio a vítimas de violência. A Associação também se compromete a divulgar ações de empresas associadas e outros órgãos da sociedade civil.
Com 57,8% da força de vendas representada por mulheres, a ABEVD reconhece o papel do setor na conscientização, prevenção e enfrentamento à violência contra a mulher.
O objetivo central da iniciativa é incentivar denúncias de agressão — que pode ser física, psicológica, sexual, moral e patrimonial — contra mulheres.
Canais de atendimento
As denúncias podem ser feitas por meio do canal telefônico 180, que funciona 24h por dia, 7 dias por semana. Nos casos de emergência, de risco imediato, a ligação deve ser feita à polícia, por meio do 190. Além dos canais telefônicos, é possível buscar ajuda on-line: no aplicativo “Direitos Humanos Brasil”, disponível para Android e iOS; e no site da Ouvidoria Nacional de Direitos Humanos, onde é possível fazer denúncia por formulário ou chat.
Há, também, um canal no WhatsApp, em uma iniciativa realizada pelo Instituto Avon, a Wieden+Kennedy e a Uber: o recurso é uma alternativa para que as mulheres possam pedir ajuda sem chamar atenção do agressor. A vítima deve mandar uma mensagem para (11) 94494-2415 para ser atendida por uma assistente virtual. Após responder perguntas que visam à identificação do grau de risco existente, ela receberá suporte. Se for preciso ir a um hospital, unidade de saúde, delegacia ou centro de atendimento, a mulher receberá um código promocional para solicitar uma viagem pelo app da Uber de forma gratuita.
O Instituto Mary Kay mantém uma parceria com a Associação Fala Mulher para o combate à violência doméstica. A Associação Fala Mulher é uma entidade sem fins lucrativos, que oferece atendimento às mulheres vítimas de violência doméstica; e crianças, adolescentes e idosos que tiveram seus direitos violados, através de mecanismos jurídicos e sociais, que vão desde a orientação por equipes multidisciplinares composta por advogados, psicólogos, assistentes sociais e educadores, até a assistência de segurança em casa de abrigo sigilosa.