Aesop, marca de luxo de cosméticos da Natura, estaria na mira de concorrentes como LVMH, L’Oreal e Shiseido. Venda poderia levantar US$ 2 bi
As ações da Natura sobem 6% no fim da tarde desta segunda-feira (30/1) após notícias sobre a venda de parte da Aesop, marca de cosméticos de luxo que faz parte do grupo.
De acordo com a Bloomberg, concorrentes como a LVMH (dona da Louis Vuitton, Dior e outras marcas), L’Oreal e Shisheido estariam avaliando fazer ofertas de compra de parte da subsidiária da Natura. A venda poderia render cerca de US$ 2 bilhões (R$ 10 bilhões) para o grupo brasileiro.
O desenho das ofertas que estão à mesa seria o da venda de uma participação de cerca de 25% da Aesop. Sendo assim, a Natura continuaria tendo o controle do negócio.
Em 2012, a empresa brasileira comprou 65% da Aesop por cerca de US$ 70 milhões. Quatro anos depois, ela fez a opção de compra dos 35% restantes. Colocando em miúdos: a Natura pode receber cerca de US$ 2 bilhões pela venda de 25% da marca, ou 20 vezes mais do que pagou por uma fatia maior, uma década atrás.
A multiplicação de valor é notável, ainda mais considerando que a Natura, como um todo, vale agora aproximadamente R$ 18 bilhões.
A venda teria dois objetivos: levantar recursos para a Natura e destravar valor para a Aesop, notadamente a empresa de maior crescimento dentro do guarda-chuva do grupo brasileiro. Além da marca australiana, a Natura é dona da The Body Shop e da Avon.
Em novembro, a empresa brasileira confirmou a intenção de vender uma participação menor na marca de origem australiana.
“O processo de venda de participação minoritária está em estágio inicial de consultas sigilosas e não há até o momento qualquer definição quanto aos termos e condições de uma potencial transação”, disse a Natura, na época.
Por que a Natura quer vender a Aesop?
De acordo com cálculos de analistas do Citi, a Aesop poderia valer cerca de US$ 8 bilhões. A oferta de US$ 2 bilhões estaria em linha com a avaliação pela equipe do banco, considerando o tamanho da participação em negociação. Em relatório, o banco lembra que o dinheiro poderia ser usado para reduzir o volume de dívidas da Natura, considerado elevado.
O “inferno astral” da Natura se dá por uma combinação de endividamento elevado, em razão da captação que a empresa fez para comprar a Avon, em 2020, e pelo ciclo de baixa no mercado de consumo de cosméticos do Brasil e dos Estados Unidos. Apesar da alta de 6% no dia, as ações NTCO3 ainda acumulam queda de 40% em um ano.
A Aesop representa apenas 7% das vendas líquidas da Natura, mas seu impacto no Ebitda, indicador que mede o lucro líquido (lucro antes de impostos e outras amortizações) é bem maior, na ordem de 20%. Segundo analistas do Citi, a marca australiana é o negócio de maior crescimento do grupo.
Faz sentido, portanto, que a Natura use esse potencial para, primeiro, captar recursos e reduzir seu endividamento, e, segundo, angariar receitas para investir nas próprias marcas, como a Avon, e potencializar os ganhos da empresa no médio e longo prazo.
Fonte: Metrópoles