País tem atualmente 42 comercializadoras varejistas que atendem pequenos clientes habilitadas na CCEE

A 2W Energia alcançou a marca de R$ 1 bilhão em contratos de eletricidade comercializados por sua comercializadora, criada exclusivamente para atender a pequenas e médias empresas. A empresa negocia este tipo de contrato desde o fim de 2020. A chamada comercialização varejista é uma das apostas da 2W Energia num mercado cada vez mais concorrido e em vias de ser ampliado com mudanças nos limites de migração para o mercado livre, onde o consumidor pode escolher o fornecedor da energia. A empresa possui 2 mil consultores no Brasil que buscam novos negócios.

A figura do comercializador varejista foi criada para que esse agente represente, perante a Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE), consumidores com pequenas cargas, de até 1 megawatt (MW), para não “congestionar” a câmara com operações de varejo. Atualmente, 42 comercializadores varejistas estão habilitados na CCEE para operar. Nos últimos anos, a migração para o mercado livre tem sido intensiva, puxada em grande parte pelos chamados consumidores especiais, aqueles que possuem demanda acima de 0,5 MW, conectados em alta tensão, que compram energia de fontes renováveis, como eólicas e usinas solares. Dados da CCEE atualizados até maio apontam para um total de 9.017 consumidores especiais.

Segundo o presidente da 2W, Claudio Ribeiro, a marca de R$ 1 bilhão é importante especialmente quando se olha o porte dos clientes. São consumidores que possuem contas de luz na casa de R$ 30 mil por mês e demanda efetiva a partir de 0,2 MW, embora tenham carga contratada de 0,5 MW. Os contratos têm prazo médio de 7,4 anos, considerado de longo prazo, ante o perfil de carga desse nicho.

O executivo recorda que o mercado livre tem possibilidade de se expandir só com a adoção, pelo governo, de medidas infralegais, o que envolveria empresas com carga contratada abaixo de 0,5 MW, conectadas em alta tensão. “Teríamos uns 250 mil consumidores que poderiam se tornar livres só com uma portaria do MME [Ministério de Minas e Energia].”

Outra vertente da 2W Energia é a geração. Atualmente, possui dois projetos eólicos em implantação, que somam 399 MW de potência: Anemus, de 138,6 MW, no Rio Grande do Norte, que terá aerogeradores da brasileira Weg; e Kairós, de 260,4 MW, no Ceará, com turbinas da dinamarquesa Vestas. O investimento nos parques é de cerca de R$ 2,2 bilhões.

Ribeiro informou que a empresa planeja construir um terceiro parque eólico, pelo menos. A meta é chegar a 1 gigawatt (GW) nos próximos dois anos.

A empresa até estuda entrar na geração solar, mas está atenta à situação atual da cadeia de fornecimento, pois os equipamentos são oriundos de fábricas da China, o que não acontece na fonte eólica, cujos fornecedores estão localizados em países da Europa e nos Estados Unidos, além de existir uma indústria formada no Brasil. A alta demanda chinesa por geração solar, o câmbio e questões logísticas têm influenciado os preços. Mas a empresa não fecha totalmente a porta para a fonte.

“Vamos continuar investindo. Temos dois trabalhos: executar os dois parques que já estão com obras a todo vapor e pensar na estruturação financeira dos projetos que estão no ‘pipeline’ que completam esse 1 GW”, disse.